Pessoas arrogantes adotam essas estratégias nos relacionamentos, assim como em relação a tudo o mais, a fim de evitar a responsabilidade pelos próprios problemas.
Autossabotagem.
Como resultado, têm relacionamentos frágeis e superficiais, porque evitam a dor em vez de promover uma verdadeira apreciação e adoração do parceiro.A propósito, isso não vale só para relacionamentos românticos, serve também para relacionamentos familiares e amizades. Uma mãe dominadora, por exemplo, assume a responsabilidade por todos os problemas que surgem na vida dos filhos. A arrogância dela incentiva a arrogância nos filhos, que crescem acreditando que outras pessoas devem se responsabilizar pelos problemas deles.(É por isso que os problemas de relacionamento de um casal são assustadoramente semelhantes aos problemas de relacionamento dos pais de cada parceiro.)
Quando a responsabilidade por suas emoções e ações está indefinida — quando não está claro quem é responsável pelo quê, quem é culpado de quê, por que você está fazendo o que está fazendo —, você nunca desenvolve valores fortes para si mesmo.Seu único valor se torna fazer o parceiro feliz. Ou seu único valor se torna esperar que o parceiro o faça feliz. Isso é autodestrutivo, é claro. E os relacionamentos com essa característica costumam despencar como o Hindenburg(Dirigível construído na Alemanha Nazista,Famoso Zeppelin),com todo o drama a que se tem direito, fogos de artifício e tudo.
Ninguém pode resolver os seus problemas para você. E nem deveria tentar, porque isso não vai fazê-lo feliz. Da mesma forma, você não pode resolver problemas alheios, porque isso não vai ajudar a fazê-los felizes.Um relacionamento não saudável é quando duas pessoas tentam resolver os problemas um do outro para se sentir bem consigo mesmas. Um relacionamento saudável é aquele em que cada um resolve seus problemas para se sentir bem com o outro. Definir limites adequados não significa que você não pode ajudar ou apoiar seu parceiro ou receber ajuda e apoio. Os dois devem se apoiar mutuamente. Mas que seja por escolha própria, não por se sentirem obrigados a isso ou no direito de exigir.
Pessoas arrogantes que culpam os outros pelos sentimentos ruins e pelo que fazem de errado agem assim por acreditar que o papel de vítima vai em algum momento atrair alguém para salvá-las, e assim elas receberão o amor que sempre desejaram.Pessoas arrogantes que assumem a culpa pelo que o outro sente de ruim e o que o outro faz de errado agem assim por acreditar que, ao “consertar” e “salvar” o parceiro, receberão o amor e o reconhecimento que sempre desejaram.
Esses são o "yin e o yang" de qualquer relação tóxica: a vítima e o salvador, o que causa incêndios porque se sente importante fazendo isso e o que apaga os incêndios porque se sente importante fazendo isso.Esses dois tipos de pessoas são atraídos fortemente um para o outro e geralmente acabam juntos. Suas patologias combinam à perfeição. Em geral, esses indivíduos têm pais que também apresentam uma dessas características. Desse modo, seu modelo de um relacionamento “feliz” é baseado em arrogância e limites fracos. Infelizmente, nenhum dos dois consegue satisfazer as necessidades reais do outro. Na verdade, o padrão exagerado de culpa e aceitação da culpa que os dois adotam perpetua a arrogância e os valores rasos, o que, por sua vez, os impede de ter suas necessidades satisfeitas.
A vítima cria cada vez mais problemas para serem resolvidos — não porque surjam novos problemas reais, mas porque assim ela ganha atenção e afeto. E o salvador só resolve e resolve sem parar — não porque realmente se importe com os problemas, mas porque acredita que fazendo isso vai ganhar atenção e afeto.Ambos os comportamentos têm motivações egoístas e condicionais e, portanto, são autossabotagem. Nesses cenários, pouco se vivencia o amor genuíno.
Se a vítima amasse mesmo o salvador, diria: “Olha, este problema é meu e você não precisa resolvê-lo para mim. Só preciso que você me apoie enquanto vou resolvendo.”Essa seria uma verdadeira demonstração de amor: assumir a responsabilidade pelos próprios problemas e não jogar a responsabilidade para o parceiro. Se o salvador realmente quisesse salvar a vítima, diria: “Olha, você está culpando os outros pelos seus problemas. Você é quem deve resolvê-los.” E, embora pareça estranho, essa seria uma verdadeira declaração de amor.
Seria ajudar alguém a se resolver. Em vez disso, porém, vítimas e salvadores usam um ao outro para obter euforias emocionais.
É como um vício que satisfazem mutuamente. O irônico é que, quando se deparam com parceiros emocionalmente saudáveis, em geral esses indivíduos se sentem entediados ou alegam não ter “química”. O descarte de indivíduos emocionalmente saudáveis e seguros se dá porque os limites sólidos desses parceiros não são “empolgantes” o suficiente para estimular constantes euforias na pessoa arrogante.
Para as vítimas, a coisa mais difícil de se fazer neste mundo é se responsabilizar por seus problemas. Elas passaram a vida toda acreditando que seu destino está nas mãos dos outros.O primeiro passo para assumir a responsabilidade por si mesmas é apavorante. Para os salvadores, a coisa mais difícil de se fazer neste mundo é parar de tomar problemas alheios para si.
Eles passaram a vida toda sendo valorizados e amados quando ajudavam alguém, e abrir mão dessa necessidade de ser recompensados por boas ações também é assustador.
Se você faz um sacrifício por alguém de quem gosta, isso deve ser feito por vontade própria, não por obrigação ou por temer as consequências de não fazê-lo. Se seu parceiro faz um sacrifício em seu nome, que seja um gesto altruísta, e não porque você manipulou o sacrifício por meio de raiva ou culpa.Atos de amor só são válidos se livres de condições ou expectativas. Pode ser difícil reconhecer a diferença entre fazer algo por obrigação ou voluntariamente. Então, eis um teste para o salvador.
Pergunte a si mesmo: “Se eu me recusasse a fazer esse gesto, o que mudaria no nosso relacionamento?”
Para a vítima, a pergunta seria: “Se meu parceiro se recusasse a fazer algo por mim, o que mudaria no nosso relacionamento?”
Se a resposta é que a recusa causaria uma explosão de drama e pratos quebrados, é mau sinal. Isso sugere que seu relacionamento é condicional, ou seja, baseado em uma troca de benefícios superficiais, não em uma aceitação incondicional mútua (o que inclui aceitar os problemas um do outro).
Pessoas com limites fortes não têm medo de chiliques, discussões ou tristeza. Pessoas com limites fracos morrem de medo dessas coisas e sempre moldarão o próprio comportamento para se adequar aos altos e baixos da montanha-russa emocional do relacionamento.Pessoas com limites fortes entendem que não é razoável esperar que duas pessoas cedam cem por cento e satisfaçam todas as necessidades uma da outra.Pessoas com limites fortes entendem que às vezes podem ferir os sentimentos de alguém, mas que, no fim das contas, não podem determinar como os outros se sentem. Pessoas com limites fortes entendem que um relacionamento saudável não se baseia em um controlar as emoções do outro, mas em um apoiar o outro em seu crescimento individual e na resolução de seus próprios problemas.
Não se trata de se importar com tudo que importa para seu parceiro, e sim de se importar com seu parceiro. Isso é amor incondicional, queridos.
Autor: Mark Manson
"A Sutil Arte De Ligar o F*Da-Se."
É um livro mais sincero que você vai encontrar.
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