Escolha o que fazer a respeito

escolha o que fazer a respeito
Sentimentos não são tudo isso que você pensa.
Os sentimentos foram desenvolvidos em nosso organismo com um propósito específico: nos ajudar a viver e a nos reproduzir melhor. Só isso. 
São um mecanismo de resposta cuja função é nos alertar de que algo é provavelmente bom ou provavelmente prejudicial. Nada mais, nada menos. 
Assim como a dor da queimadura ensina a não tocar o fogão aceso de novo, a tristeza de estar sozinho ensina a não repetir os comportamentos que causaram a solidão. 
Sentimentos são apenas sinais biológicos criados para empurrar as pessoas na direção de mudanças positivas. Olha, não estou tentando menosprezar sua crise de meia-idade ou o ainda não superado trauma de quando seu pai alcoólatra roubou sua bicicleta quando você tinha oito anos, mas, no final das contas, se você se sente mal, é porque seu cérebro está indicando a presença de algum problema não abordado ou não resolvido. Em outras palavras, sentimentos negativos são um chamado à ação.
Se você sente algo ruim, é porque precisa agir. Da mesma maneira, sentimentos bons são a recompensa por agir certo. Quando você se sente bem, a vida parece simples e basta aproveitá-la. Até que, como tudo o mais, a sensação boa desaparece, porque sempre surgem mais problemas.
Sentimentos fazem parte da equação da vida, mas não são a única variável. Não é porque algo causa uma sensação boa que é bom. Não é porque algo causa uma sensação ruim que é ruim. Sentimentos são apenas sinalizadores, conselhos dados pela neurobiologia, não ordens.
Portanto, nem sempre devemos confiar neles. Pelo contrário: acho que precisamos criar o hábito de questioná-los. Muita gente é ensinada a reprimir as emoções por diversas razões pessoais, sociais ou culturais, sobretudo as negativas. Só que, infelizmente, negar os sentimentos negativos é negar vários dos mecanismos de resposta que ajudam a resolver problemas. Como resultado, muitos dos indivíduos reprimidos têm dificuldade em lidar com os problemas ao longo da vida. E, se não conseguem resolver seus problemas, não têm como ser felizes.
Lembre-se: a dor tem um propósito. No entanto, há também quem se identifique demais com as emoções. Tudo se justifica apenas porque a pessoa se sentiu assim. “Ah, eu quebrei seu para-brisa, mas foi porque eu estava com ódio. Não pude evitar.” Ou: “Eu larguei a faculdade e me mudei para o Alasca porque senti que era o certo a fazer.”
Tomar decisões com base apenas no que seu coração manda, sem o auxílio da razão para se manter na linha, é pedir para dar merda. 
Sabe quem baseia a vida nas emoções? Crianças de três anos. Cachorros.Sabe o que mais crianças de três anos e cachorros fazem? Cagam no tapete.
A obsessão e a atenção exagerada aos sentimentos sempre falham pela simples razão de que sentimentos não duram. O que nos faz feliz hoje não nos fará feliz amanhã, porque nossa biologia sempre vai demandar algo mais.
A fixação pela felicidade inevitavelmente nos leva a uma busca incessante por “outra coisa” — uma casa nova, um relacionamento novo, mais um filho, mais um aumento. E, apesar de todo o nosso esforço, acabamos nos sentindo do mesmo jeito que no começo: insuficientes.
 Os psicólogos às vezes se referem a esse conceito como a “esteira hedonista”: a ideia de que estamos sempre nos esforçando para mudar nossa vida, mas na verdade nunca nos sentimos muito diferentes. É por isso que nossos problemas são recorrentes e inevitáveis.
A pessoa com quem você se casa é a mesma com quem você briga. A casa que você compra é a mesma que você reforma. O emprego dos seus sonhos é o mesmo que vai estressá-lo.
Tudo vem com um sacrifício embutido, ou seja, o que nos faz bem vai inevitavelmente nos fazer mal também. O que ganhamos também é o que perdemos. O que nos proporciona experiências positivas definirá também as negativas. Esse conceito é difícil de engolir. Nós gostamos de pensar que existe uma felicidade derradeira a alcançar. Gostamos de pensar que é possível alcançar um alívio permanente do sofrimento.
 "Chega de tentar buscar um sucesso que só existe na sua cabeça. Chega de se torturar para pensar positivo enquanto sua vida vai ladeira abaixo. Chega de se sentir inferior por não ver o lado bom de estar no fundo do poço".
Gostamos de pensar que é possível se sentir para sempre pleno e satisfeito com a vida. Mas não é.

Autor: Mark Manson
 Livro : "A sutil arte de ligar o f*das"

 

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