Ao encontro das sombras

Pense sobre o que mais o incomoda em relação às pessoas. 

Não aspectos superficiais, mas algo que realmente você abomine, odeie. Talvez seja ingratidão, traição, injustiça, ciúme, medo ou impaciência. Reflita. Você já pensou por que odeia isso?

Livro ao encontro das sombras
Será que aquilo que o incomoda em relação aos outros não é algo que está aí, escondido dentro da sua mente? Talvez tão escondido que agora esteja inconsciente? 

“Tudo o que nos irrita no outro  pode nos levar a um conhecimento de nós mesmos”.

 Vamos mais fundo nessa questão.   

Toda criança é total ao nascer. É inteira, mas no decorrer da vida começa a se dividir.  Ela é influenciada pela sociedade, pela religião e pela família, começando a negar algumas características consideradas más. É a qualidade, o jogo do que é bom ou mau. Com a chegada da maturidade, ela já negou muito de sua personalidade real. 

Esconde uma parte de si, acha pecado, errado e sujo algo que é dela, e tudo o que é rejeitado fica escondido ou guardado no inconsciente.  Isso se chama sombra, é tudo o que negamos na busca absurda de sermos perfeitos para os outros, com um eu ideal. 

Desejamos mostrar uma face harmoniosa, amável, inteligente, e escondemos os nossos verdadeiros sentimentos, aqueles dos quais você se envergonha.  É claro que devemos procurar preservar de nossa sombra as pessoas com quem nos relacionamos, senão criaremos confusões todo o tempo. O que não podemos é negá-la para nós mesmos, até porque ela possui aspectos muito positivos. 

Todos temos uma máscara, que é a imagem que passamos para o mundo. 

Na astrologia é chamado  de ascendente, que é como as pessoas nos vêem, é nosso impulso, a personalidade adquirida com a vida e por meio da qual transmitimos aquilo que temos de melhor. Chama-se persona na psicologia e é como gostaríamos que todos nos reconhecessem. Por exemplo: no namoro superficial colocamos nossa persona, enquanto num relacionamento mais profundo acabamos por mostrar nossa sombra.

“A triste verdade é que a vida humana consiste num complexo de opostos inseparáveis. Dia e noite, nascimento e morte, felicidade e miséria, bem e mal. Nem sequer estamos certos de que o bem superará o mal ou a alegria derrotará a dor.”

E não é só você. Todos são assim. Reconheça isso. A sombra é perigosa quando não reconhecida, pois projetamos nossos aspectos destrutivos no mundo e nos outros e somos inteiramente escravos dela até que domine nossa mente e passemos a pulsar somente ódio, tristeza, julgamentos, dor, reclamações, etc.   Começamos a ver defeitos em todas as pessoas, julgamos e enxergamos a sombra de nosso vizinho, da religião que não seja a nossa, de outra cultura, mas não vemos nossa sombra.  Muitas das “guerras espirituais” ou “religiosas”,  acontecem exatamente por isso. Vemos trevas em tudo e essas trevas são projeções do que temos em nosso interior. 

Atos impulsivos que depois geram arrependimento. Situações em que se humilham os outros. 

Raiva exagerada em relação aos erros alheios. Depressão quando se olha para dentro.Esse é um trabalho para toda a vida e, como recompensa, nos permite perdoar aos outros e a nós mesmos pelo que achamos mal, pois a compaixão e a tolerância iniciam-se conosco e expandem-se para o próximo.Ideias sombrias e limitadas podem ser ensinadas pela escola (que também tem um lado sombrio). A culpa daqueles que iludiram uma geração após outra… é imensurável, hoje estamos colhendo os frutos amargos da nossa própria lassidão moral. Estamos pagando por termos sucumbido ao conformismo e, assim, dado nossa aprovação silenciosa a tudo aquilo que hoje nos enche de vergonha e que não sabemos explicar honestamente aos nossos filhos.

“Vergonha, culpa, orgulho, medo, ódio, inveja, carência e avidez são subprodutos inevitáveis da construção do ego. Eles estimulam a polaridade entre o sentimento de inferioridade e a vontade de poder. Eles são os aspectos da sombra da primeira emancipação do ego.”
(Edward C. Whitmont)

“Passamos nossa vida, até os 20 anos, decidindo quais as partes de nós mesmos  que poremos na “sacola”, e passamos o resto da vida tentando retirá-las de lá.”
(Robert Bly)

Referências bibliográficas: Leal, Otávio. Conscientizar-se da própria sombra. Consultado em 10/03/2015 Disponível em: http://www.humaniversidade.com.br  março 10, 2015 por psicologiaroberta


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