O carente é um eterno insatisfeito

Uma dose de sofrimento e carência é natural e até saudável. Mas se durar demais e prejudicar a pessoa, é preciso procurar ajuda. 
Carência nos leva a construir castelos de areia, acreditando que estes suportarão as mais intensas tempestades.A carência tem o poder de transformar vontades em necessidades, de forma que a pessoa carente abrace qualquer coisa como sendo a melhor opção para a vida dela.Aliás, optar e escolher não são atitudes comuns para as pessoas carentes, as quais acabam se prendendo às escolhas das outras pessoas.
Mas a pior consequência da carência é nos manter aprisionados em relacionamentos prejudiciais, nocivos e fracassados, através da ilusão de que aquela condição infeliz é o máximo que podemos alcançar em nossas vidas.

Dizer que quem ama não enxerga os defeitos é o slogan da pessoa carente.

Carencia é miopia do coração

A carência é uma ladra silenciosa e sedutora que furta de nós a possibilidade de vivermos o nosso melhor.
A carência é a miopia do coração, que turva a nossa visão para os defeitos e faz apenas as qualidades da outra pessoa se ressaltarem. E pior ainda, muitas vezes nos faz enxergar no outro algumas virtudes que nunca existiram.
Para te ajudar a entender se a sua carência é passageira ou se é melhor procurar ajuda profissional, psicólogos explicam o que tornam uma pessoa carente.
-Baixa autoestima:O que está por trás do comportamento de alguém que se sente bem na presença do parceiro, mas sofre de carência na ausência dele, é a baixa autoestima. “É como se a pessoa buscasse no outro aquilo que não sente por si mesma. Ela acaba entrando em um processo de dependência muito grande”.
Problemas de autoestima acabam com o equilíbrio do relacionamento. “No início, quando ninguém tem certeza se a relação vai dar certo, é normal que haja medo. Isso, normalmente, é amenizado à medida que o envolvimento evolui. Mas as pessoas carentes têm os sentimentos de insegurança e medo de perda ainda mais fortes conforme a relação se fortalece”.
Como resultado do medo de tomar um fora a qualquer momento, a pessoa com baixa autoestima começa a cobrar mais o parceiro, a pressão aumenta, os pedidos de provas de amor são cada vez mais frequentes e ela se mostra excessivamente pegajosa e possessiva. “Ela revela a necessidade de uma atenção intensa que nunca conseguirá”.
Esse tipo de pessoa está sempre carente;quando não tem ninguém, sente-se assim por temer a solidão; quando tem, age desse modo por ter receio de perder o outro. “Para não tomar um fora, a pessoa tolera maus tratos, humilhações e se torna dependente do outro”.

– Pais inconstantes:Quem tem propensão a ser carente pode ter sido uma criança criada por alguém inconstante. “Se a mãe um dia era carinhosa e, no outro, fria, a criança se torna ansiosa, pois nunca sabe se o outro estará presente ou não”. Na vida adulta, ela se torna insegura, ciumenta, possessiva e grudenta.
– Superproteção na infância:Nem só de falta de carinho e atenção na infância é feita uma pessoa carente ,o excesso de atenção também pode levar uma criança a ser carente quanto adulta.É comum que quem foi superprotegido e mimado na infância exija muita atenção, algo com o qual sempre esteve acostumado. “Pessoas superprotegidas, sempre consideradas coitadinhas pela família, não foram estimuladas a acreditar que podem ser autossuficientes. Esperam e exigem muito dos relacionamentos”.
– Rompimento traumático:Há também fases de carência situacionais, com origens mais recentes e mais fáceis de serem superadas. Uma delas é consequência de um rompimento. “Alguns tipos de desfecho afetivo deixam a gente carente, mexem com o nosso amor próprio, que fica ferido depois de um fora. Mas, com o tempo ou um novo amor, você se renova”.
 – Situações de desamparo:A carência momentânea também pode surgir se a pessoa perde o emprego, recebe uma crítica muito violenta e inesperada ou sofre com a morte de alguém próximo. “Qualquer situação grave, que gere angústia, leva ao desamparo. E uma pessoa desamparada tem maior tendência a se sentir carente”.

– Resquícios de um relacionamento:Experiências afetivas anteriores podem tornar a pessoa carente. “Uma pessoa que costumava ser independente, mas vivenciou um relacionamento que estimulava a dependência e o abandono dos amigos, está sujeita a sofrer assim que houver o término”.
 A carência também pode ser um traço de personalidade. “Pessoas muito vorazes dificilmente se satisfazem na vida”. E esse desejo de querer sempre mais também acontece nos relacionamentos, onde há a tendência de se mostrar carente.
Aqueles que se vitimizam também são fortes candidatos à carência. “São pessoas que gostam de se colocar em uma situação de maior sofrimento e costumam culpar sempre o outro por sua dor. É como se não fossem responsáveis por suas vidas”.
O carente é um eterno insatisfeito, quanto mais recebe, mais exige, porque o ego demanda sempre a satisfação de seus caprichos, tornando-se a origem de todas as nossas aflições.“Se desejas o amor de plenitude, canaliza as tuas forças para a caridade, transformando as tuas ansiedades em bem-estar noutros muito mais necessitados do que tu”.
E a pergunta principal: Você consegue ser feliz sem ninguém? 
Este é o teste da carência. Porque a pessoa carente acredita que só pode ser feliz tendo outra pessoa ao seu lado. Enquanto, na verdade, você só será feliz com alguém quando conseguir ser feliz com si mesmo, indiferente se você encontra-se em um sábado à noite em uma balada vip, ou em casa assistindo a um filme, ou ao seu seriado preferido, com um balde de pipoca.
Então, analise seus relacionamentos! Diariamente você decide permanecer com alguém, por que a relação te faz bem ou por que ele(a) supre sua carência? 

Para ser completo é preciso mergulhar em si mesmo, buscar o silêncio interior para despertar a consciência de que a fonte da felicidade jorra de dentro para fora. Ninguém é capaz de nos fazer felizes, senão nós mesmos. “carência de hoje, foi desperdício de ontem”, não desperdicemos, então, a oportunidade de darmos afeto hoje, pois amanhã, de origens sublimes, receberemos toda atenção de que precisamos. Há mais amores que o romântico.
"O sofrimento, quando é maltratado, transforma-se frequentemente em sintoma. E o sofrimento é maltratado quando recusamos a ele três condições: a palavra ou a escuta, o compartilhamento e o reconhecimento.Argumentar que qualquer coisa é depressão, transtorno de pânico ou déficit de atenção ou processamento auditivo, assim como dizer que se trata de baixa autoestima, ou de falta de vergonha na cara são formas frequentes de nomear algo apenas para não fazer nada a respeito".
“Se desejas o amor de plenitude, canaliza as tuas forças para a caridade, transformando as tuas ansiedades em bem-estar noutros muito mais necessitados do que tu”.
TEXTO ORIGINAL DE UOL. 

0 Comments:

‹‹ Postagem mais recente Postagem mais antiga ››