Sobres relaçoes vazias

Observemos a sociedade: superficial, intrigante, conexões virtuais e contatos físicos cada vez mais distantes. Estão gozando com os corpos, ansiando por amor, porém se defendem de tudo e de todos; anseiam gozar com a alma – entrelaçar de afetos −, mas temem a dor.

Akrasia e sua relaçao

São escravos do prazer momentâneo, imediato, estão presos em si mesmos, enredados em seus próprios labirintos; almejam obter felicidade, mas não a captam em seus fragmentos – pois são momentos; pequenos sentimentos; um pequeno espaço no tempo.

É o caminho que escolhem para sobre-viver; corpos entrelaçados, nadando em deleite, emaranhados em prazer, no entanto, ainda angustiados pelo vazio – presos no abismo do ser. Consomem-se entre si − buracos negros ambulantes − esgotam-se e depois se descartam. É a sociedade da efemeridade: nada dura, tampouco resiste ao tempo e suas adversidades. Enganando e negando o outro, a si mesmos e seus afetos.

Desejam o céu, mas não se movem em direção à altura; desejam amor e felicidade, mas rejeitam a infelicidade que nasce das pequenas agruras, pois é mais fácil gozar com o corpo, do que resistir à dor e, gozar através de experiências de amor.

Relações cada vez mais tênues, vazias; exigem o máximo do outro, sem nada ou muito pouco despender de si mesmos. Entregues às estruturas narcísicas dominantes; prazer momentâneo e sentimento de vazio constante.

Gozam com a falta, tentam tapar a lacuna emergente, estão presos ao prazer momentâneo, estigmatizados pelo contemporâneo, feridos narcisicamente, desnorteados nesse mar de gente.  

                                              Escrito por: João Paulo F./@jp.psicanalista

Por esse texto lembra muito a palavra escrita pelo mesmo autor da postagem "A Akrasia - fraqueza de vontade - é quando você deixa de realizar determinado ato, mesmo sabendo ser a melhor opção e, escolhe outro, sendo, assim, vencido pela paixão (impulso, desejo). O sujeito akrático, é aquele que não tem o comando sobre si mesmo, é constantemente vencido por seus impulsos (instintos). É aquele indivíduo que contraria seu melhor juízo sobre determinada situação; se movimenta em direção às ações irracionais e impulsivas." Aristóteles, discípulo de Platão, no Livro VII de sua "Ética a Nicômaco" afirma a existência da akrasia trazendo reflexões mais complexas sobre o tema. Nesta obra, Aristóteles considera a possibilidade de que alguém que age de modo akrático não pensa que deva agir assim até o momento da ação – é compelido por suas paixões. Considera também que tal pessoa, dominada por seus prazeres, não age por conhecimento, mas sim por opinião e, que pode ter uma convicção fraca, que não consegue resistir a tais desejos. É notório esse fenômeno no meio contemporâneo, pois o interesse das pessoas em se autoconhecer é ínfimo, e, está sendo negligenciado constantemente. Elas reclamam de suas dificuldades em vários âmbitos, principalmente nas relações, todavia, não desejam colocar em movimento nenhum processo que as direcione às suas próprias responsabilidades, pois, talvez, não queiram assumi-las.

Mas tem algo que dura, justamente o mal estar dura. apego, prazer, gozo, todas estas premissas que Buda tanto bateu em cima, isto em qualquer época é insuficiente para os indivíduos, durando pouco ou muito tempo nao importa. Enquanto nao houver revolução na consciência, não importa que mudança social venha. NADA TERÁ EFEITO SATISFATÓRIO !

Edição Sergius M.


‹‹ Postagens mais recentes Postagens mais antigas ››